12/06/2006 18h30 | por Osni Calixto
O deputado José Domingos Scarpellini (PSB), que sempre esteve ligado ao futebol, recebeu com profunda tristeza, a notícia da morte do locutor esportivo Fiore Gigliotti, o mais popular da história do rádio brasileiro, ocorrido na última quarta-feira, 7. Ele apresentou na Assembléia Legislativa do Paraná, um “Voto de Profundo Pesar” e lembrou expressões inesquecíveis ditas por Fiori nas emocionantes transmissões pelo rádio de grandes decisões do futebol paulista e brasileiro, como “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira”, que levava a loucura os torcedores das mais diversas torcidas paulistas. Scarpellini lembrou que Fiore, que morreu aos 77 anos, começou ainda jovem na Rádio Bandeirantes, onde fez história, e passou por várias outras emissoras, e por fim, a Rádio Capital, participou da cobertura de 10 Copas do Mundo e já se preparava para ir a Alemanha quando foi ceifado pelo destino. No documento, ele utiliza várias frases que foram eternizadas na voz de Fiore Gigliotti e terminou parafraseando o mesmo, “vai ficar para sempre no cantinho de saúdes”, lembrando o programa em que Fiori sempre homenageou os grandes nomes do futebol brasileiro. Ele foi, talvez, a maior expressão do futebol arte do Brasil, concluiu Scarpellini. Eis o teor da justificativa do requerimento aprovado por unanimidade: Fecham-se as cortinas! Um profundo silêncio nos Estádios! Fiori Gigliotti morreu! Senhoras e Senhores! Peço um minuto de silêncio! É com profunda tristeza que me dirijo a esta Casa para solicitar este Voto de Profundo Pesar. Amanhã, quando o Brasil iniciar a Copa, quando a “Seleção Canarinho adentrar o gramado da Alemanha para mais uma conquista rumo ao Hexa Campeonato”, uma grande ausência estará presente, Fiori Gigliotti, o poeta da bola, o homem que criou a linguagem do futebol que conhecemos, que “inflou” nossos corações de paixão e de orgulho quando disse que éramos os melhores do mundo, e nos fez acreditar nisso porque ele acreditava, não estará em campo, aos microfones, em nossas casas, para narrar mais um grande espetáculo. Ele nos deixou na última quarta-feira, dia 7, e vai ficar para todo o sempre guardado em nossos corações. Ele tinha um nome de flor e uma alegria contagiante. Fiori Gigliotti em Italiano quer dizer “flor de Lírio” ou “flor de Liz”, um filho de imigrantes italianos nascido em Barra Bonita, estado de São Paulo, onde até mesmo o Rio Tietê corre límpido e bonito e os canaviais deixam no ar um cheiro doce de açúcar e afeto. Foi pioneiro, professor dos mais populares locutores esportivos. Tratava a todos com carinho e respeito e todo repórter ou comentarista esportivo sentia prazer em ficar ao seu lado. Fiori era assim: exigia respeito e queria a profissão respeitada e melhores condições de trabalho para todos, defendia os companheiros. Fez todo mundo crescer junto com ele. Era assim também, com o mesmo afeto que via uma partida de futebol. Quem não se lembra da “famosa” entrada de Fiori? “Caríssimos Senhores e Senhoras ouvintes! Carinhosamente boa tarde! Iniciamos mais uma transmissão de uma partida de futebol... Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!!!”. Foi, sem dúvida, o mais criativo narrador esportivo, o resto foi locutor de rádio. Colocava toda a sua criatividade narrativa a serviço do ouvinte buscando a sua imaginação. Cada qual “visualizada” na narração de Febre, o jogo que “assistia” pelo rádio. Quantas vezes, senhoras e senhores, sofria ao “ver” que o temível Santos de Pelé, com suas tabelinhas com Coutinho, chegando com perigo à área do meu Corinthians. Era sempre “mais um sufoco da fiel torcida”. E era assim também com as demais torcidas, inclusive a sua palmeirense de coração. Fiore Gigliotti esquentou o rádio e aqueceu corações, criou ídolos e inventou emoções. Quem não se lembra dessas perolas do rádio: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira”. “O tempo passa”, quando os jogadores estavam enrolando. “Agüenta coração” para as cobranças de faltas perigosas ou penalidade máxima. “Gol! Gooool! Uma beleza de gol “repetindo várias vezes de maneira emocionante o nome do jogador. “É fogo... torcida brasileira” quando parecia querer influenciar e mudar o placar e não conseguia. Alegre inspirador da Rádio Camanducaia, um programa esportivo de humor, ou os emocionantes “As grandes reprises do futebol”, e “Cantinho de Saudades”, Fiore começou a trabalhar ainda muito jovem na Rádio Bandeirantes, passou pela Tupi, Panamericana – a Jovem Pan -, Rádio Record e atualmente estava na Rádio Capital. Além do futebol, tinha três paixões: a esposa Adelaide, os filhos Marcos e Marcelo, e os filhotes, seus cães, os melhores amigos. Era assim que Fiore definia seus amores: A família, os animais e a bola, sempre inseparáveis. Estive com ele várias vezes e pude dizer-lhe o quanto o admirava e quanto era importante, para mim e para a minha geração, dos que moram no norte do estado, onde o futebol paulista tem muita influência, a beleza do seu trabalho, o seu talento e a sua emoção. Realizou a cobertura de dez Copas do Mundo, um recorde do rádio, milhares de jogos de futebol, foi incomparável como speaker de rádio, inigualável, insuperável, insubstituível. Vai ser inesquecível. Senhoras e Senhores!!! Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo. Amanhã não haverá Fiore Gigliotti, com certeza estará num cantinho do céu, torcendo pela “seleção canarinho”, mas, parafraseando o próprio, ele “vai ficar para todo o sempre, guardado em nosso cantinho de saudade...”, justificou ScarpelliniOsni CalixtoF:041.3350.4072