22/08/2007 17h07 | por Zé Beto Maciel / Luiz Filho / h2foz@hotmail.com - contato@luizromanelli.com.br / 41 9648-1104 - 9241-2401 - 3350-4191 / www.luizromanelli.com.br
O líder do Governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), afirmou nesta quarta-feira (22) que o presidente da União Geral de Bairros de Curitiba e Região Metropolitana, Jairo Graminho, será homenageado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (24) no Paraná. Graminho, 80 anos, milita desde os 18 no movimento popular pelo direito à moradia em Curitiba. “Jairo Graminho é um dos pioneiros do movimento popular de Curitiba. Fundou a primeira associação de moradores em 1975 e lutou pela garantia da posse de moradores que viviam em favelas e terrenos irregulares”, disse Romanelli.O assessor especial de Governo para Assuntos de Curitiba, Doático Santos, destaca, por sua vez, que Graminho simboliza a luta do movimento pela habitação no Paraná. “É mais do que justa a homenagem. É uma pena que a Câmara de Vereadores de Curitiba não tem esse entendimento, da grandeza que Graminho representa aos movimentos sociais da capital”.Exemplos - Graminho e Doático foram apontados pelo vereador Roberto Hinça (PDT), relator da CPI da Invasão, como suspeitos de articular as três últimas ocupações realizadas neste ano em Curitiba. “A Câmara de Vereadores deveria fazer uma homenagem ao Jairo Graminho com o titulo maior que a casa possa dar, pela luta dele e pelo o que ele simboliza”, disse o coordenador da Frente Ampla pelos Avanços Sociais, Joel Benin.Mesmo com a tentativa da Câmara de Vereadores em criminalizar representantes dos movimentos sociais, Graminho sustenta que a regularização fundiária continua na pauta de reivindicação do movimento popular de Curitiba. São mais de 80 mil famílias, cerca de 200 mil pessoas, que vivem nessa situação. “Há projetos bem sucedidos para resolver a questão. A Vila Zumbi (Colombo) e Guarituba (Piraquara) são exemplos”, aponta Graminho. “São dois projetos que devem ser estendidos às outras áreas de Curitiba com a participação da prefeitura e dos governos federal e estadual. Todos devem se envolver para resolver a situação”.História de lutas – Graminho que a luta pela moradia em Curitiba começou em 1975 e pode ser dividida em duas etapas. “A ditadura proibia reuniões públicas, mas por outro lado era bom porque o povo tinha muita necessidade da luta e participava. Nós fizemos um encontro em 1983 no Ginásio Tarumã, que superlotou o ginásio. No começo a gente tinha facilidade de mobilização, a gente mobilizava o pessoal em torno das reivindicações, pressionava a prefeitura, o governo do Estado”. As principais reivindicações da época, segundo Graminho, se estendiam da saúde, educação à moradia. “Primeiro a questão de saúde. Segundo, creche. Não tinha nenhuma em Curitiba. A luta começou e inicialmente conseguimos 10 creches. Terceiro, a luta por moradia. Muita gente que não tinha onde morar, vivia em favelas, não tinha água encanada, não tinha luz elétrica, não tinha projeto de rua, não tinha nada”.Sem as escrituras dos imóveis, a prefeitura na época não fazia as ligações de água e luz. “Quem tinha (escritura), podia. Quem não tinha, não podia. E Curitiba naquela época tinha muita gente morando em terrenos irregulares. Então foi uma luta muito grande e a gente levou cerca de quatro anos para poder conseguir água e luz em todas as favelas”.A luta melhorou as condições de moradias nas ocupações. “A maioria das favelas, ainda não é legalizada, mas elas melhoraram as condições. Elas têm os serviços básicos da prefeitura e do Estado e também uma casinha não muito boa, mas tem também um lugar para morar”.