(Foto: Márcio Machado/SECS).OpiniãoA saúde do Sudoeste agradecePor Luciana Rafagnin*Recentemente, a minissérie JK, exibida na televisão, mostrou uma cena em que Juscelino Kubitschek e sua esposa Sarah conversavam sobre a carreira dele. Sarah argumentava que “não há nada mais importante do que salvar vidas”, se referindo à atuação de JK como médico, diante do que ele emendou: “é possível também salvar vidas com a política”. O Hospital Regional do Sudoeste do Paraná pretende ser uma conquista que põe um fim naquela discussão histórica do casal, evidenciando as razões de ambas as linhas de argumentação, porque uma conquista social dessa amplitude só é possível com grande envolvimento da população, das organizações sociais da região, com empenho, dedicação e força política. A história da luta pelo Hospital Regional do Sudoeste do Paraná é um exemplo de que os dois estão certos.No início da década de 90, a organização das mulheres agricultoras do Sudoeste do Paraná já discutia a necessidade de um hospital público com atendimento de alta complexidade na região. Foi a segunda grande luta desse movimento, após a campanha pela aposentadoria dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. Em 1996, um encontro com sete mil agricultoras, que contou com a presença da então senadora do PT do Acre, Marina da Silva, e da vice-governadora da época, Emília Belinatti, elegeu a campanha pelo HR como sua principal bandeira de luta. Na época, eu, que vim da organização das mulheres agricultoras, já era vereadora no município de Francisco Beltrão e fiz dessa bandeira um objetivo de minha vida pública. A falta desse tipo de atendimento no Sudoeste sempre sacrificou a qualidade de vida e a dignidade dos habitantes sudoestinos, que iam buscar o serviço de que necessitavam nos grandes centros. Como deputada estadual, apresentei projetos de lei, indicações e emendas parlamentares para que o Governo do Estado assumisse também esse compromisso. De lá pra cá, muitas forças se juntaram nessa campanha por “salvar vidas”, que veio ganhar corpo mais recentemente, quando o governador Roberto Requião abraçou a luta sudoestina e, com a caneta do Poder Executivo na mão e a vontade política de fazer acontecer, autorizou o estudo do projeto, o processo licitatório e a execução da obra de construção do HR Sudoeste, prevista para este início de ano (2006).Há muito tempo, viemos trabalhando para que esse sonho coletivo virasse realidade. É uma conquista da nossa região. Nos próximos dias, deveremos ver fincar no chão de nossa terra a pedra fundamental desta obra. Será o início de um acontecimento muito especial para todos nós. A saúde da população do Sudoeste agradece!(*) LUCIANA RAFAGNIN é agricultora familiar, cientista política e deputada estadual (PT-PR).